sábado, 23 de fevereiro de 2013

O Papa e o Reino de Deus



 
Este texto é dedicado às pessoas informadas que o compreenderão e a todas que, humildemente, quiserem progredir na sua própria senda, voluntariamente escolhida, buscando cotidianamente o conhecimento, assim exercitando a razão e menosprezando a paixão, no processo de evolução intelectual que conduz à sapiência, isto é, nas palavras de Jesus, ao “Reino de Deus”. Só pode ver todo o panorama, quem está no topo da escada. Aos que negam a existência desse panorama, só se pode dizer uma coisa: comecem a subir os degraus, trocando as atividades que apenas tomam tempo em vão, isto é, a vida animal, passional, por aquelas que trazem informação e promovem a prática intelectual. Ninguém se engane, contudo: só se sobe degraus com algum esforço e muita paciência nessa escada que exige muitas vidas seguidas para que se chegue ao topo. A boa notícia é que cada um de nós é um ego eterno, que se liga em cada vida a um ego neural no cérebro do feto que nasce e que morre com o corpo, como uma pessoa se liga ao disco rígido (HD) e ao processador (CPU) de cada um dos seus computadores, um depois do outro.

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   No exato momento em que este texto é publicado no Blogart, há uma suspeita de que a renúncia do Papa Bento XVI, anunciada por ele próprio para o próximo 28 de fevereiro, pode ser o inesperado, mas já pressentido início da insolvência de uma agremiação religiosa em crise letal, que deverá ser substituída por algo mais que crença, com o anunciado regresso do ego sapiencial que nos visitou há dois milênios, ligando-se ao ego neural de um menino que nascia, chamado Jesus, filho do rico judeu essênio e construtor José e da virgem columba do templo dos essênios, Maria.

   Coincidência?

   Não existe a coincidência, com a conotação que se costuma dar, de um fenômeno estruturado pelo acaso. Só se deveria dar esse nome ao evento sem causa, se isso pudesse ocorrer. Duas folhas que caem de uma árvore num mesmo momento, fazendo trajetórias diversas no ar e chegando ao solo, uma sobre a outra, estão obedecendo leis naturais que as fazem convergir, nessas trajetórias, para aquele lugar, num mesmo momento ou em momentos diferentes. Melhor será falar, sempre, em convergência e jamais, em coincidência, portanto. Pode-se falar, assim, em coincidência, apenas como uma convergência quando as causas e leis envolvidas são desconhecidas. Isto significa, portanto, que o uso da palavra coincidência significa tão somente o desconhecimento, a ignorância, do que provoca ou promove o fenômeno de convergência. 

   Como temos, sempre, de perseguir o conhecimento das causas que geram todos os fenômenos – isto é Ciência – não podemos deixar as ocorrências ao sabor da paixão, da emoção, que tudo confunde e desvia para o perigoso lugar da especulação, não raramente a serviço de interesses inconfessáveis. Não há coincidência, portanto, no fato de haver uma crise desmesurada na Igreja Católica – cuja base histórica foi produzida pelo Cristianismo Primitivo organizado por Paulo de Tarso – exatamente no momento há dois mil anos anunciado por Jesus, o Nazareno, para a volta do seu ego eterno, ligando-se a um novo ego neural, na Terra, em outro recém-nascido que não se chamará Jesus.

   Para bem compreender o que ocorrerá nos próximos anos, temos de saber que Jesus foi o nome de um homem que nasceu como qualquer homem, filho de um homem muito velho e de uma mulher ainda adolescente que foi preparada no templo essênio do mosteiro do Monte Carmelo, para ser a mãe privilegiada do menino que, ao nascer, teria seu ego neural intelectual ligado a um ego eterno sapiencial, do chamado “Reino de Deus”. Cada ser humano, ao nascer, tem um ego neural que surge no próprio cérebro ainda no útero materno e morre com o próprio corpo. Sua memória se perderia então totalmente, se não fosse, antes, passada diariamente, ao dormir, durante a vida, para um “back-up” fora do corpo, a este ligado, assim contribuindo para o desenvolvimento de um ego eterno que acumula experiências de várias vidas e assim evolui do animal para o intelectual e deste para o sapiencial, que já se encontra nesse referido “Reino de Deus”[1].

   Assim, não será o homem Jesus, o que voltará, mas esse ego sapiencial que a ele se ligou há dois mil anos e que logo deverá estar se ligando ao ego neural de um menino que nascerá (ou já nasceu) em algum lugar da Terra, de pais escolhidos por ele, com nome ainda desconhecido, para cumprir sua promessa de retorno, realizando o que disse ser o “Juizo Final”, quando serão separados os egos humanos que têm chance de permanecer evoluindo, até tornarem-se sapienciais, em outras vidas na Terra; daqueles, animais, que se ligaram a cérebros intelectuais produzidos pela reprodução humana desenfreada e que voltarão a se ligar aos animais, porque algo ocorrerá que diminuirá consideravelmente a população humana neste planeta.

   Quem quiser entender melhor o que está acontecendo leia este parágrafo. Dois mil anos atrás, conhecida a população da Terra, já era possível projetar qual seria o número de habitantes no planeta, hoje. Se cada ser animal tem um ego neural no próprio cérebro, sede da sua estrutura de consciência, este é ligado a um ego eterno, fora do corpo (no “Reino de Deus”), que é o seu Inconsciente e que armazena os dados de sua experiência, dia-a-dia, processando-os e arquivando tudo de modo a promover a evolução genética de cada indivíduo que terá um cérebro melhor para se ligar a um ego mais evoluído, numa vida posterior. Assim ocorre a evolução das espécies na Terra. Acontece, porém, que a grande maioria das pessoas acomoda-se na diversão, no prazer, na paixão e descuida-se do estudo, da razão, com um equipamento intelectual no cérebro que não é utilizado de modo que seu ego eterno não cresce, mantendo-se quase apenas animal. Por ouro lado, a população cresce continuamente e como também os egos animais não evoluem, acabam sendo estes os que se ligam aos egos neurais dos novos seres humanos que nascem com cérebros intelectuais, mas hospedam egos animais. É como entregar um avião para uma criança pilotar. Esses seres humanos com egos neurais intelectuais, ligados a egos eternos animais, por falta de egos eternos intelectuais em estoque, procedem como animais e sofrem muito em suas experiências cotidianas, precisando de muita educação e informação para se ajustarem e evoluírem. Evidentemente, em dois mil anos, acumula-se uma enorme quantidade de seres humanos com egos neurais intelectuais ligados a egos eternos que se mantiveram animais, de modo que se pode olhar em volta e ver autênticas feras, aumentando a criminalidade, a violência, a estupidez, de forma incontrolável. É o momento do Juizo Final, que promove uma grande mortandade necessária ao equilíbrio na Natureza. Diminui-se drasticamente a população de egos neurais intelectuais em cérebros humanos, que voltam a receber apenas egos eternos intelectuais, enquanto os egos eternos que permaneceram animais voltam a se ligar em corpos animais. Ao mesmo tempo, por outro lado, aqueles egos eternos intelectuais que, ao contrário, evoluíram para se tornarem sapienciais, não mais precisam fazer experiências em seres humanos intelectuais e são promovidos a seres sapienciais, no dito “Reino de Deus”. É esse processo que se diz ser o Juízo Final. Os egos eternos que aproveitaram ligar-se a egos neurais intelectuais e evoluíram para egos sapienciais, irão definitivamente para o Paraíso, isto é, o (Reino do) Céu. Os que se mantiveram como intelectuais, voltarão a ligar-se a seres intelectuais, na Terra, em corpos humanos. Os que não aproveitaram estar ligados a egos intelectuais e se mantiveram como animais, retornarão a corpos animais. Esta é a Lei de Deus, que é o próprio Deus.

   Feito esse esclarecimento, indispensável, podemos começar a entender o que se passa no Vaticano, onde, evidentemente, vive-se no Reino dos Homens. Estão todos conscientes de que o Cristianismo foi fundado por um judeu romano – Saulo de Tarso – que criou uma igreja para os gentios, povos que adoravam deuses pagãos, introduzindo nessa nova igreja os rituais do paganismo romano, egípcio e grego, entre outros, misturando-os com palavras atribuídas a Jesus, o Nazareno, cujos pais, José e Maria, eram essênios. Além dos judeus essênios, contudo, já existiam naquele tempo outras ordens, não religiosas, mas místicas, que testemunharam e registraram, mantendo relativamente secretos, os conhecimentos que se adquiria com as experiências humanas, mas também aqueles outros, recebidos do que Jesus chamou de “Reino de Deus”, constituindo-se assim uma estrutura paralela às religiões e à ciência que nascia na Idade Média exatamente pelas mãos de tais místicos, como Pitágoras, Nicolas Flamel, Isaac Newton, René Descartes, entre muitos outros.

   A Igreja Católica, que se estruturou na base do Cristianismo e teve o apóstolo Pedro levado ao trono, como primeiro Papa, manteve nessa Corte uma sucessão de privilégios para dizer e mandar fazer aos fiéis, a partir da ideologia de Paulo (Saulo) de Tarso, assim criando a figura de “Jesus Cristo”, que acabou se confundindo com o deus Mitra dos romanos, quando estes, através do imperador Constantino, oficializaram a nova religião em Roma. A sucessão dos papas que conta a história da Igreja Católica é um misto de grandes feitos e posturas, por um lado vergonhosas, próprias dos homens em sua diversidade de caráter e de níveis evolutivos, e por outro lado, sem dúvida, de verdadeiros santos; mas também outros, ao contrário, de criminosos que derramaram sangue à beira dos altares. Tudo isso está na História à disposição do público em geral. Assim, ao longo desses dois milênios de acertos e erros, pode-se ver uma melhoria considerável no comportamento dos papas e da própria Igreja, como um todo, no último século, mas o que era uma estrutura de Deus na Terra, passou a ser, com o papa João XXIII, “paulatinamente”, uma estrutura do Homem no Céu. Já não vale a Lei de Deus, que pune sem dó nem piedade, a quem erra e precisa evoluir pelo sofrimento dessa punição, assim educativa. Passa a valer o perdão universal e a humanidade se enche de criminosos que são perdoados com penitências pequenas como rezar dez padre-nossos ou frequentar missas e confessar-se periodicamente, contribuindo como puder para manter a estrutura eclesiástica. Multiplicaram-se os pecadores idiotas, que pensam ser um padre ou um bispo autoridade suficiente para anular a lei divina, que continua punindo, após a morte do corpo, o ego eterno, que se liga sucessivamente a outros corpos e pode ser um destes, aleijado ou situado em regiões que são o próprio inferno.

   É evidente que um estudioso da estirpe de Joseph Ratzinger – o papa Bento XVI – sabe de tudo isso. É evidente que está cuidando do seu ego eterno, primeira obrigação sanitária de qualquer corpo psíquico, quando renuncia ao mandato que aceitou com sacrifício, para resolver temporariamente uma carência de líderes, numa corporação que tende há alguns anos para a solvência, em crises morais e financeiras que a racham em blocos inconciliáveis. Mais um vez, a sede pelo poder prevalecerá e as divisões levarão ao cisma inevitável. É uma questão de tempo, num momento em que algo novo surge no horizonte, quando a ciência penetra nos segredos do Universo, a casa do Deus que não é um Ser Criador, mas a própria Lei da criação, inalterável, irremovível e irrevogável[2].

   Servir a Deus é simplesmente obedecer a essa Lei, que, para isso, precisa ser conhecida. Nada mais. A verdadeira caridade, portanto, não é aliviar a dor de quem sofre por ter desobedecido a Lei (pecar significa fazer o que é proibido por Ela), mas mostrar onde e como a pessoa errou, dando-lhe a informação para que não mais o faça. O sofrimento sempre é educativo e é o único modo pelo qual se deixa de errar, quando não se segue a Lei. Quando o Papa João XXIII realizou o Concílio Vaticano II e lançou poderosas encíclicas que mudaram o mundo, inverteu a ordem de tudo, livrando os homens de servirem a Lei e colocando a Lei a serviço dos homens. Pura demagogia, que desestruturou todo o processo evolutivo entre os homens. A humanidade caminha inteira para o crime, hoje em dia, porque cada ser humano pensa que não é punido, se consegue o perdão dos homens. Não se está dizendo o básico: quem erra tem consciência do seu erro e isso basta para que seu ego eterno pague a sua dívida numa vida posterior, atrasando sua própria evolução, religando-se a corpos deficientes ou em lugares agressivos, para que esse sofrimento educativo o leve a retornar ao eixo evolutivo.

   Assim, o crime que sempre esteve no Vaticano pontualmente, generalizou-se em orgia desmesurada, ao ponto de um Papa desobedecer ao Espírito Santo que o elegeu para morrer na função, renunciando não pelo medo, mas pela vergonha. Por não se sentir mais à frente de uma Igreja desvirtuada, que precisa de uma varredura geral, que puna ainda na vida atual, os que certamente serão corrigidos naturalmente pela Lei impessoal da consciência de atração e evolução universais[3].

   Este texto está sendo publicado no Blogart às vésperas dessa renúncia anunciada e marcada para o dia 28 de fevereiro de 2013, dentro da Quaresma, seguindo a trilha de Jesus, que foi transformado em Cristo à sua revelia e desrespeitado em sua biografia, desde o seu nascimento até a sua morte, que não aconteceu na cruz, mas muitos anos depois e muito longe de sua crucifixão, em Jerusalém. Na medida em que os documentos antigos vão aparecendo e a arqueologia trabalha cientificamente, a verdade aparece clara e incolor. A coragem do intelectual Joseph Ratzinger é apenas mais uma no rosário de atitudes que despertam pessoas e estruturas outras de consciência, que constroem o Universo dia a dia, hora a hora... Assim como os micróbios, não citados no Gênese bíblico, foram descobertos há muito tempo, esta é a hora de conhecermos os macróbios que ainda estão fora dos dicionários, com a conotação de seres tão grandes que as galáxias são como átomos em seus corpos. Um deles determina para todos nós o que nós determinamos para quem habita um dos satélites de um elétron qualquer de nosso corpo. Todos, micros e macros, estão enquadrados na Lei única, universal, de Deus, que – repito – não é um Ser, mas uma Lei determinante da atração e da evolução que gerem o espaço cósmico infinito.

   O ego eterno de Jesus prometeu voltar agora, na passagem da era de Peixes para a de Aquário. Estará ligado a um ser humano com outro nome. Não será Jesus. Não teremos que procurar um homem que se comporte como Jesus ou que repita palavras de Jesus. Na verdade, não temos de nos preocupar com isso. Cada um deve preocupar-se apenas consigo mesmo, individualmente. A sociedade só evolui com a evolução de cada um de seus indivíduos. Assim, o que importa é o indivíduo consciente de sua própria evolução, resultante do seu próprio comportamento, da sua própria aplicação em busca do conhecimento, todo o conhecimento que possa obter. Aquele que vive cotidianamente nos bares e nos ares não tem salvação. Alguém precisa lhe dizer isso. O objetivo de qualquer Igreja não é atingir metas sociais e políticas para aumentar o seu rebanho de cordeiros ignorantes, mas levar esse rebanho aos valores que promovem a evolução de cada indivíduo em direção ao “Reino de Deus”, onde já estão os seres sapienciais, egos eternos que se ligam a egos neurais abrigados em cérebros humanos, como nós, humanos, nos ligamos aos nossos computadores.

   Estejamos atentos, portanto, ao que advirá da renúncia do Papa. Evidentemente, por algum tempo, até que Joseph Ratzinger morra, teremos dois papas. Ele continuará Papa Bento XVI para o Espírito Santo, que o escolheu. O outro será papa para o Colégio dos Cardeais que o escolherem, apenas para estes e para seus seguidores. Dois papas simultâneos na Igreja significa Cisma, apenas isto. O que temos de observar, por enquanto, é quem e quantos ficarão com o Espírito Santo e por outro lado, quais serão os que preferirão o Colégio dos Cardeais. Depois se verá o fim disso tudo. Pode ser o fim da Igreja Católica e Apostólica Romana. Ou não. Assim é o caminho dos errantes.
Adinoel Motta Maia


[1] Ver este assunto no livro “A Cruz dos Mares do Mundo”, já nas livrarias.
[2] Ver o livro “A Noite dos Livros do Mundo”, nas livrarias.
[3] Ver “Teoria Unificada do Universo”, no Google. Publicada originalmente na Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, edição de 2007.