quinta-feira, 31 de maio de 2012

Origem e história da consciência

Artigo


Adinoel Motta Maia

   No meu romance A Cruz dos Mares do Mundo há um personagem feminino aparentemente frágil, que domina a narrativa. Regina - este o seu nome - vive o terrível problema da personalidade múltipla. Uma simples mulher, que chuta sua própria vida para o alto, trabalhando como faxineira durante o dia, mas fazendo um curso de Direito à noite, sem dar, contudo, qualquer atenção à sua existência como pessoa,  sequer percebendo haver duas outras personalidades a tomar o seu tempo de consciência. Uma destas, uma índia tupinambá na ilha de Itaparica, vivendo momentos e cenário de 1997, numa autêntica viagem ao futuro, com toda a memória dos anos 1501/1503, quando a expedição de Gonçalo Coelho descobria a Baía de Todos os Santos e deixava ali um degredado.
   Esta estrutura ficcional, dentro de um romance policial de mistério, dialoga com a realidade, para trazer à luz uma questão cada vez mais importante para o ser humano: a evolução do seu ego. Como observador e pesquisador, verifico que, assim como nenhum dos pigmentos individuais de cores diferentes deixa de ser puro, dentro de uma cor resultante de sua mistura, os egos individuais em sua sociedade permanecem com suas próprias posições evolutivas, isto é, seus próprio caráteres temporários, em cada momento daquela comunidade. A evolução é sempre do indivíduo, esteja o seu ego num corpo animal, esteja num ser intelectual. A evolução de um conjunto, seja este uma empresa ou uma nação, é sempre a resultante da evolução dos seus componentes individuais.
   Disso se tira uma primeira conclusão: enquanto o indivíduo cresce psiquicamente com o seu intelecto, a sociedade se manifesta progressivamente através de sua estrutura física. Isso explica porque o amor, que liga os indivíduos num corpo social, não é necessário numa ação meramene intelectual. Aquele precisa da paixão, este da razão. Aquele se realiza com a união de seus membros, enquanto este se aplica na sua própria evolução. Está claro que a informação, o conhecimento, conduz ao processamento que forma novas e mais complexas estruturas de consciência, que promovem a evolução dos seres e das espécies; enquanto a sensação, a emoção, estimula processos de efervescência, de agitação, de revolução, não raramente destrutivos.
   Dai se infere que a evolução do ego, historicamente comprovável, na Terra, é determinante na evolução não só de cada ser, como da sua espécie, na medida em que cada indivíduo a representa, havendo duas questões fundamentais a serem examinadas: como evoluir e por que evoluir.
   Evidentemente, ego é consciência. Quando se fala em consciência, trivialmente, a referência é o cérebro humano, com seus neurônios (memória e processamento), sem dúvida, a mais complexa estrutura de pensamento por nós conhecida científicamente. Por esta afirmação, deduz-se não haver ser mais evoluído que o homem, na Terra. Costuma-se pensar que, se houvesse, já o conheceríamos, pois, provavelmente, seríamos dominados por ele, além do que, nada se tem apresentado como tal, no panorama cotidiano, como nós nos apresentamos aos cavalos e cachorros, por exemplo.
   Estruturas de consciência, no entanto, não precisam estar em um cérebro. Há animais sem cérebro e com consciência organizada em sistemas nervosos primários. Bactérias, sem dúvida, têm consciência de suas funções. No próprio corpo-humano, uma célula-tronco é suficientemente consciente para realizar procedimentos repetitivos, que são manobras de transformação com objetivos por ela definidos. Se não há cérebro, onde está a sede da consciência? Onde estaria a sede da consciência  em um átomo? Ou em um fóton?
   O que é consciência?
   É basicamente o atributo ou estado de estar ciente de suas próprias percepções ou de sua relação com o outro ou o ambiente.
   Por definição, na Matemática ou mais precisamente, na Geometria, o ponto é a posição, sem extensão, no espaço. Não é visível, não é detectável nem é definível, nessa posição, por qualquer meio, que não seja a sua própria consciência.
   Esta frase é, provavelmente, a mais importante, para se conhecer o Universo Infinito, o espaço ilimitado em extensão e em duração, porque não é, este, nada mais do que um conjunto infinito de pontos justapostos, assim conscientes de si mesmo, isto é, cientes de sua relação com os demais.
   Podemos, assim, afirmar que no início era o Nada, ou seja, nada mais que a Consciência de todos os pontos ou posições próprias destes, cada um relacionando-se com os outros à sua volta. A consciência de ser uma posição e de estar relacionada com as de outras posições.
   Essa consciência de uma posição, determinaria, geométricamente, o seu ego, que, associado a outro ego assim puntual, nos daria a consciência matemática de uma distância, um intervalo. Esta, associada à consciência de outro ponto qualquer, formaria a consciência de uma área triangular, que, associada a um quarto ponto fora do plano dos outros três, evoluiria para o ego de um tetraedro, geométricamente sólido, de dimensão infinitesimal. A consciência da associação de um grande número desses tetraedros poderia colocá-los em linha ou em bloco. Aí já teríamos uma duração considerável, embora infinitesimal, dessa consciência. Sem que os pontos mudem de posição,  a consciência poderia trocar de posição nesse processo, com o tempo (duração da consciência) a determinar movimento e velocidade deste de modo que tal linha ou tal bloco se mova. O movimento doa pontos da linha seria a consciência da mudança de posição desta e a isso chamaríamos de onda. O movimento dos pontos do bloco seria a consciência do seu deslocamento numa direção e aí poderíamos chama-lo de partícula. O ego de uma onda ou de uma partícula, seria, assim, estruturalmente bem mais complexo do que o ego de um tetraedro ou de um ponto, original. A isso, chamamos de evolução, isto é, a transformação de uma estrutura de consciência mais simples, numa outra, mais complexa. Estrutura de consciência, de pensamento, em velocidades próximas do infinito, muito acima da velocidade da luz, que é de 300 mil quilômetros por segundo. Tão grandes que podem ser consideradas como estando em dois lugares, quase ao mesmo tempo (duração da consciência para ir de um lugar para outro), num agora, uma atualidade. No campo da Psíquica.
   Aumentando-se muito, muito, muito... a quantidade de tetraedros formadores de tais linhas ou blocos (ondas ou partículas), estaremos aumentando sua "massa" e como se prova pela equação matemática f = mv², de Newton, aumentando-se a massa, diminui-se a velocidade, assim chegando à 300 mil quilômetros por segundo, velocidade da luz, quando se passa da atualidade psíquica para a realidade física da energia e da matéria, surgindo o fóton e a partir deste, todas as ondas eletromagnéticas e todas as partículas de quase-matéria, livres, organizando-se em átomos e criando a matéria.
   Nesse processo, o que poderíamos chamar de Big Bang, seria a explosão de luz quer teria surgido com a criação do fóton e o consequente surgimento de todas as ondas eletromagnéticas e de todas as partículas existentes, em velocidades menores do que a da luz.
   Nada mais do que isso, simples assim.
   Que me desculpem os físicos que estão gastando fortunas para descobrir o Bóson de Higgs!
   Apenas mais uma partícula, que, por si só, não provará como nasceu o Universo.




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