domingo, 13 de fevereiro de 2011

TEORIA UNIVERSAL DA EVOLUÇÃO - II

O Nascimento de Deus - I

Este é o título do Capítulo I do livro Humanidade: Uma Colônia no Corpo de Deus - publicado pela Companhia Melhoramentos de S. Paulo (Edições Melhoramentos), na série "Enigmas do Universo" (código 7-02-05-074), em junho de 1981. A partir do parágrafo seguinte, estará o seu texto. Como o livro foi escrito em três meses - prazo marcado pelo editor - alguma coisa ficou um tanto carente de maior explicação. Aproveito, agora, para explicitar o que ficou implícito, com NOTAS em itálico.
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No início, existia Deus. O Gênesis bíblico começa com a criação da Terra. O nosso Gênesis, no entanto, vai mais para trás, para o momento em que só existia Deus. Quando comecei a me interessar por deuses gregos e egípcios, ainda na minha adolescência, fui conduzido por um livro (Deuses, Túmulos e Sábios, de C. W. Ceram) para a arqueologia e daí para a astronomia foi um pulo, mas, de passagem, penetrei na Bíblia e desde então vim questionando a natureza e origem de Deus.

Anos atrás, publiquei um dos meus contos de ficção científica - O Planeta de Crosse - no qual um jovem toma consciência de que é um deus, porque tem em suas mãos um pedaço de terra fértil, com milhões de microorganismos, seres vivos com os quais podia fazer o que bem entendesse. Pensei, então: "O homem deve estar para Deus, assim como um micróbio está para o homem". Foi a primeira vez em que considerei a possibilidade de Deus ser um organismo vivo, mas um condicionamento que nos é imposto, a todos, desde a infância, continuou influindo para que eu permanecesse com a idéia de um Ser que criou o Universo fora dele. Só recentemente livrei-me desse condicionamento e me perguntei: "E se o Universo estiver dentro de Deus? Seria Deus o próprio Universo?"

Assim, quando digo "no início", quero me referir ao comecinho do Universo Material, essa coisa que hoje conhecemos como um conjunto de galáxias, que, por sua vez, é constituído por estrelas, planetas, cometas e tantos outros corpos, todos eles complexos estruturais, que têm em sua base elétrons, prótons, partículas diversas, sendo estes, por sua vez, manifestações de outros elementos ainda menores, e assim por diante.

Se descermos ao nível das chamadas partículas atômicas, aceita-se na comunidade científica, que elas estão agrupadas em dois conjuntos: o dos léptons e o dos hádrions. Houve época em que a Ciência afirmava ser o átomo a menor das partículas existentes (daí a palavra adotada para designá-la). Depois, descobriu-se que o átomo era divisível e constituído por prótons, neutrons, elétrons, além de outros elementos que foram e continuam sendo descobertos, pertencentes a um ou outro dos conjuntos acima citados. Em 1963, no entanto, por uma teoria que deu aos físicos Murray Gell-Mann e George Zweig o Prêmio Nobel, anunciava-se que os hádrions (prótons, neutrons e mésons) são divisíveis em partículas ainda mais elementares, às quais se deu o nome de quark. A partir de então, passou-se a admitir que todo o Universo Material - toda a matéria conhecida - é constituído por léptons (o elétron é o mais importante deles) e quarks.

Até aí já chegou a Ciência, mas a Filosofia pode ir adiante e seu método manda-nos perguntar: "E se léptons e quarks também forem divisíveis e constituídos por partículas ainda menores?" Não precisamos de laboratórios para obter uma resposta. É evidente que essas partículas serão divisíveis até deixarem de ser materiais. Se não forem materiais, serão o que? Afoitamente, poderíamos dizer que seriam espirituais e estaríamos todos recebendo aplausos tranqüilos. Prefiro, no entanto, cultivar a dúvida, pois ela nos dá melhores frutos do que as certezas temporárias. E proponho que chamemos essas partículas que já não são materiais, mas se reúnem para formar matéria, de quase materiais. Tomando as primeiras sílabas dessas palavras, chama-las-íamos de quama. Então, diríamos que toda a matéria existente no Universo é feita de quamas.

Conclusão evidente: se todo o Universo é constituído de quamas, no início só existiam essas partículas.
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NOTA: Até aqui, o livro, quando fala do "início", está considerando apenas o surgimento da matéria, cujo conjunto formaria o "Corpo de Deus", referido como Universo Material. Deus, no entanto, não seria apenas um corpo. Anterior a este, haveria... É o que o texto mostra em seguida.

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Outra conclusão evidente: houve uma decisão para que os quamas se unissem e formassem uma partícula material. Se houve decisão, houve pensamento, donde se pode admitir que os quamas sejam partículas pensantes, ainda que num nível de pensamento da maior simplicidade, necessário apenas ao cumprimento desse ato de união. O que vem em apoio de algumas sociedades místicas que chamam de "espírito" a força de coesão que une as partículas da matéria, qualquer matéria, animada ou inanimada.

Com humildade, mas com coragem, vejo-me forçado a propor que se considere o quama como a célula do espírito. Para isso devemos admitir a existência de um outro Universo, não material, composto apenas por partículas de pensamento e constituído, no seu conjunto, por complexos de pensamento. Cada um desses complexos seria um espírito e cada "quama" sua célula. Adiante, veremos que esse universo espiritual será o Inconsciente que inunda todos os corpos e partículas materiais. Uma célula que se reproduz segundo um programa pré-estabelecido, do mesmo modo como uma célula viva da matéria se reproduz segundo uma programação genética. Dentro desta proposta, digo que no início, existia uma célula-ovo, um quama que se reproduziu para formar a matéria que deu origem ao Universo. Sucessiva e simultâneamente, os quamas assim formados se agruparam para formar léptons e quarks, que se constituíram em átomos componentes das moléculas, que se organizaram em nuvens formadoras de planetas, estrelas e galáxias, em processo permanente, que ainda hoje se desenvolve, seja no nascimento de um homem, seja na fabricação de um lápis.

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NOTA: O que foi assim proposto, no livro, com o nome de "complexo de pensamento" para uma partícula de quase matéria que se consideraria uma célula de energia (força de coesão) a ligar ondas de energia, livres, no espaço, estava sendo apresentado com o termo "célula de espírito" - ainda sem uma explicação de como era feita sua reprodução. Essa proposta meramente teórica se organizaria nos anos que se sucederam, resultando no artigo Teoria Unificada do Universo, publicado na edição de 2007 da Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e que se encontra na Internet. Registre-se, no entanto, que, já em 1981, essa proposta era assim feita, de forma embrionária, propondo filosofia e pesquisa científica. Em outras palavras: pensamento (consciência) se estruturando para criar ondas de energia, que se organizariam em "células" em coesão ("espírito") para formar partículas livres, de quase matéria.

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A SEGUIR: TEORIA UNIVERSAL DA EVOLUÇÃO III (O Nascimento de Deus II - continuação)

2 comentários:

  1. Olá Professor Adinoel,

    Eu fui aluna da veterinária da UFBA. E fiz sua disciplina astronomia e astronaútica como optativa, lembro-me que subia toda aquela escadaria do instituto de estatística até a escola politénica para ir às suas aulas e subia com medo de assaltos, imagino que hoje mais de 15 anos depois a coisa não deve ter mudado muito por lá. Fico feliz por ter conhecido seu blog atráves de outra pessoa e parabenizo pelas excelentes matérias. abraços

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  2. Hoje faz 50 anos no primeiro homem a subir ao espaço, Yuri Gagarin, pioneiro.

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