terça-feira, 11 de janeiro de 2011

EGO SUM QUI SUM

Disse Deus a Moisés: Ego Sum qui sum (eu sou quem sou).
Começa assim, o evangelho de João: No princípio era o Verbo. e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Perguntemos: Que Verbo? Que Deus?
Cientistas da Física costumam ignorar o que se escreve, quando se começa citando a Bíblia, seja o Velho, seja o Novo Testamento. Cientistas da Arqueologia, ao contrário, usam a Bíblia para investigar e descobrir ruinas não só de templos, mas de cidades inteiras.
Ainda há muito preconceito na Ciência.
É verdade que há muita coisa falsa, propositadamente falsa, na Bíblia, para conduzir cordeiros ignorantes ao pasto e depois à esfola. Há também falsidade, mas não proposital, nos textos antigos de escribas - autores ou copistas - que gravaram em pedra, em argila, em pergaminhos ou em papiros, o que pensavam ser verdade, mas não era, fruto da sua ignorância, até com bom senso.
A posição do verdadeiro cientista, sincero e honesto, é não recusar qualquer fonte, por mais suspeita ou falsa que seja ou pareça, sem espremê-la ao extremo, para tirar dela ainda que apenas uma partícula de conhecimento, como o fazem os detetives forenses na cena de um crime, por mais caótica que seja esta.
Assim, comparando aquelas duas frases bíblicas, no início deste texto, podemos concluir científicamente que o Verbo de João, é o Ser, do Pentateuco.
EU SOU - disse Deus.
Que deus? Um deus ou o Deus? É preciso não deixar passar qualquer detalhe, na investigação racional, na busca do conhecimento. Um deus é um ser poderoso qualquer, um entre muitos, como o Sol, por exemplo. O Sol Invictus do imperador Constantino, ou seja, Mitra. Ou o Sol Aton do faraó Amenhotep IV, o Akenaton. Posso escolher o meu e você, leitor, o seu, provisório ou permanente. O Deus, ao contrário, é único e universal, a Lei que organizou conscientemente toda esta estrutura que faz do caos localizado e freqüente, a contínua renovação do cosmo.
Dizem os vaidosos físicos: Não se pode provar a existência desse Deus Universal e Onipotente.
Pergunto eu: pode-se provar o Ser? Podemos dizer "eu sou o que sou" sem mentir?
Disse bem, João: No princípio, o Verbo era Deus.
Vamos examinar essa frase, elogiando o evangelista e perguntando onde ele a teria encontrado.
"No princípio" significa "antes de qualquer outra coisa". Alguém discorda?
Assim, antes de qualquer outra coisa, havia apenas o verbo ser. Não um Ser, um ente, uma pessoa chamada Deus ou seja lá o que for, mas apenas ele, o verbo.
Um espaço infinito, nas três direções ortogonais cartesianas e em sua duração, vazio. VAZIO.
Podemos imaginá-lo, sim, sem precisar fechar os olhos. O Nada.
Podemos provar isso? Não precisamos, porque é EVIDENTE! A Ciência trabalha nos laboratórios para encontrar evidências. Se já temos uma, de cara, vamos fazer o que no laboratório?
É evidente, portanto, que, antes de existir qualquer coisa, havia o NADA.
ERA O NADA! (olhe aí o verbo ser)
Ora! Filosoficamente, o Nada é o Não Ser, é o que se opõe ao Ser. Podemos concordar com isso no varejo. Por exemplo: "Eu nada tenho", significando que não possuo coisa alguma, SEJA uma família, um SER querido, um objeto, uma simples lembrança do passado. Quando dizemos, contudo "o nada", assim absoluto, no atacado, universal, este É o espaço vazio, sem coisa alguma nele, não se podendo negar, contudo a existência dele, O ESPAÇO. Infinito e vazio.
Alguém imagina, por acaso, outra coisa, NO INÍCIO? Há como negar que esse início tenha existido? Um Universo constituído apenas pelo espaço vazio seria o que matemáticamente aceitamos como um "conjunto vazio", cientificamente aceitável, mas fisicamente não aceitável.
Temos uma contradição? Não, porque a Ciência não é apenas a Física, na qual estão todas as disciplinas da realidade, tais como a química, a biologia e até a psicologia, que se restringe ao cérebro humano, biológico, neural, sujeito às leis da Física.
A Ciência é bipolar, como tudo no Universo. A Física está num dos polos e a Psíquica, no outro. Estamos introduzindo o conceito de Psíquica como substantivo, para estabelecer que, assim como a Física é o campo de estudo da REALIDADE, a Psíquica é o campo de estudo da ATUALIDADE.
No espaço tetra-dimensional temos três direções onde se medem distâncias (comprimento, largura e altura) e uma duração onde se mede o tempo. Quando a duração é maior do que zero, estamos na realidade da Física. Quando a duração é zero, estamos na atualidade da Psíquica.
Aquele NADA, que é um espaço infinito vazio, em suas três direções e uma duração, está fora, portanto, da REALIDADE FÍSICA, porque é uma ATUALIDADE PSÍQUICA com três dimensões infinitas nas três direções e uma dimensão nula, na duração. Isto é o espaço tridimensional da Geometria, onde a duração (o tempo) é zero. Não precisamos de qualquer duração (tempo) para o SER das figuras geométricas. Entre os mais preciosos conhecimentos rosacruzes está a afirmação de que o tempo é a duração da consciência. Não é preciso filiar-se à ordem rosacruz, no entanto, para ver isso. Basta medir os segundos que nos dão a percepção de qualquer coisa observada. O "tempo" assim medido é a duração da nossa consciência de que estamos fazendo aquela observação. Einstein criou a teoria da relatividade para mostrar que essa realidade é relativa, função do tempo. Agora temos de apresentar a teoria da atualidade, para demonstrar que quando anulamos o tempo, caminhamos para UM AGORA, que, no entanto, pode se repetir infinitamente.
Assim, no início (ou no princípio, como disse João), tínhamos um espaço vazio - um nada - com três dimensões infinitas e uma nula, isto é, um ESPAÇO GEOMÉTRICO, meramente psíquico. O que é o espaço geométrico se não uma sucessão infinita de pontos (posições, sem dimensões) tão próximos, uns dos outros, que, se fossem mais próximos seriam um só? Todos, no entanto, separados por intervalos tão pequenos que se fossem menores não existiriam.
Evidentemente (não precisamos ir a laboratório para provar), assim como há essa separação dos pontos (apenas posição, com dimensão zero) nas três direções geométricas, também há uma separação desses pontos (apenas posição, com dimensão zero) na única duração. Assim, podemos afirmar que o espaço infinito tetradimensional é uma sucessão de AQUÍS em três direções e de AGORAS em uma única duração. Isto é a ATUALIDADE PSÍQUICA DO INÍCIO DE TUDO, quando o Universo infinito poderia dizer apenas: SOU! SOU O QUE SOU!
O que ainda temos de provar científicamente, mas já podemos estruturar filosoficamente, apresentando uma hipótese, é que essa estabilidade foi quebrada, quando os AQUÍS e os AGORAS sucessivos, SENDO CONSCIENTES EM SI MESMOS, tomaram consciência do(s) outro(s).
Neste momento, temos de perguntar o que é consciência, que se costuma confundir com o conhecimento DE si mesmo e do que que o envolve. Se Descartes sabia o que dizia, quando pronunciou "Penso, logo Existo", estaria ainda mais certo, se dissesse antes "Existo, logo Penso", porque não há pensamento sem existência, mas antes disso, não se existe, se não se pensa. É o pensamento, a consciência dos pontos do espaço tetradimensional, que cria estruturas sucessivamente mais complexas de pensamento, de consciência, ARRUMANDO aquís e agoras em sucessivas atualidades (psíquicas) para formar a realidade (física) em contínua e permanente evolução, desde as ondas e as partículas mais instáveis e livres do microcosmo até as magníficas estruturas ainda por nós desconhecidas dos corpos formados por galáxias.
Evidentemente, o Deus que teria dito a Moisés "Eu Sou Quem Sou", é o Deus das leis universais estabelecidas pela Consciência Total ou Cósmica e não esse Deus ao qual se pede favores ou se confessa arrependimento. E que mora em nosso cérebro.
Adinoel Motta Maia

Nenhum comentário:

Postar um comentário