segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O QUE É O BLOGART

Estamos entrando em um dia especial.
11 de janeiro de 2011, isto é, 11.1.11.
Uma ótima data para começar alguma coisa.
Estou criando e lançando o blog "archivu registru textu", com a finalidade de arquivar e registrar, com data, na Internet, os meus textos filosóficos.
Por que na Internet e não em um cartório ou biblioteca qualquer?
Por que não em revistas especializadas com conselhos editoriais competentes?
Porque cartórios e bibliotecas são um pouco como cemitérios e revistas especializadas costumam censurar e recusar tudo o que destrói estruturas sólidas formadas por interesses sectários e partidários de poucos, de muitos ou de nações inteiras.
Melhor, portanto, é colocar textos novos à disposição de toda a humanidade, submetendo-os ao exame, à análise, ao estudo e à crítica livres de quantos leitores se disponham a dedicar algum tempo a eles, procurando iluminar algum canto escuro da sua própria senda.
Porque filósofos são todas as pessoas que amam o conhecimento e pensam com coragem, humildade e liberdade ilimitadas.
O filósofo não deve querer ser porque não pode ser um profissional a almejar remuneração para sua atividade de buscar o conhecimento, alimento psíquico do ego, do mesmo modo como não se pode ter ganância na procura do alimento físico para o próprio corpo.

Certa vez, em um dos anos 90 do século XX, encontrei o Professor Rui Simões à porta da sua casa, quando por ela eu passava, a caminho - a pé - da Escola Politécnica, ali muito próxima.
Devo dizer que o Professor Rui Simões foi meu professor de Filosofia no Colégio Estadual da Bahia, em anos 50, jamais imaginando, então, que nos tornaríamos colegas na Universidade Federal da Bahia. Não posso dizer que ele me ensinou a pensar, mas sem dúvida, apresentou-me então algum método, num momento em que minha curiosidade levava-me a Platão e a Schopenhauer.
Pois bem!
Naquele encontro fortuito, quase ao fim da minha caminhada cotidiana entre a minha residência e o meu local de trabalho, ali no portão da sua casa, conversamos um pouco. Lembro-me de ter divagado pela superfície da prática filosófica e lhe perguntado por que a nossa universidade apenas formava professores de Filosofia, sem se preocupar com a formação de filósofos.
Sorriu e colocou sua voz sem pressa, com seus olhos a buscar o infinito por trás de mim, dizendo que não podia imaginar como criar um bacharelato em Filosofia sem exigir dos alunos desse curso que lessem os filósofos gregos e alemães em suas línguas originais. Fez uma pausa e concluiu que o máximo viável, ali e então, era oferecer um mero curso de licenciatura.
Nas suas palavras e nos seus gestos corporais, colhi a sensação de que filósofos não podem ser feitos, mas se fazem, por si mesmos, acumulando observação e experiência e inovando com coragem e humildade, plena liberdade e alguma ferocidade. Professores de Filosofia, ao contrário, podem sair formados, de bancos escolares, sem maior dificuldade.
Assim, após muitos e muitos anos de vida, dedicados à observação, à pesquisa, ao estudo e à experimentação, cada um de nós pode dizer que faz alguma filosofia e obter alguma luz, colocando-a sobre cantos ainda obscuros, refletindo-a para outras pessoas em suas próprias sendas.

Algum tempo atrás, criei um blog - "Reflexos no Espelho" - pensando fazer ali alguma coisa nesse sentido. Descobri então, que o fato, por si só, de colocar na Internet uma pasta com alguns textos, significava os estar arquivando com data, o que não deixava de ser um registro, com prova e fé públicas, como o que se obtém com a publicação de qualquer trabalho em jornal e revista, impressos, capaz, portanto, não só de comprovar autoria como de atestar privilégio.

Há uma crença e uma prática no sentido de que não se pode ou deve registrar idéias. Mentira!
O que a Lei não permite é a exploração pecuniária, financeira, com reserva de mercado, de alguma idéia, presumindo-se que esta, seja qual for, é de domínio público, na medida em que cada uma é fruto do desenvolvimento da própria ação neural em cada cérebro, mais cedo ou mais tarde, de tudo o que se observa, se lê e se ouve, de terceiros, de modo que a idéia que surge no cérebro de alguém hoje, pode ser resultante do trabalho de outros e a mesma que igual e independentemente aparece no cérebro de outrem, antes ou depois.

Uma coisa, no entanto, é explorar e outra, registrar.
Por que registrar, se não se pode ou deve explorar?
Para que se divulgue com responsabilidade. O registro datado pode determinar posições cronológicas, seja para o reconhecimento do mérito de quem faz o esforço maior ou tem melhor posição como observador; seja para estimular a revelação do que se mantém guardado, para um ou poucos usuários; e seja para estabelecer endereço onde se pode procurar o que se precisa, sem correr o risco de inventar a roda, isto é, o que todos (ou alguns) já conhecem.

Não sei se este é o primeiro blog de arquivo e registro de textos filosóficos, mas pretendo que seja honesto, com critérios rígidos e rigorosos, o mais próximo possível do rigor científico, na direção do qual se deve fazer filosofia, onde, como sabemos, temos o dever de lançar hipóteses, de expor teorias, de fornecer material para a pesquisa e a experimentação. Um povo com pouca filosofia, própria ou de outros, não tem como sustentar laboratórios científicos.

Adinoel Motta Maia

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